Cem anos depois do 28 de Maio de 1826 e da Revolução Liberal( Uma Cronologia histórica ) veio o 28 de Maio de 1926 o qual terminou com a 1ª República criada em 1910.
Passo a transcrever um documento assinado por Gomes Da Costa após a Revolução de 1926:
"Portugueses!
A Nação quer um Governo Militar,rodeado das melhores competências,para instituir,na administração do Estado,a disciplina e a honradez que há muito perdeu.
Empenho a minha honra de soldado na realização de tão nobre e justo propósito.Não quer a Nação uma ditadura de políticos irresponsáveis,como tem tido até agora.Quer um Governo forte,que tenha por missão salvar a Pátria,que concentre em si todos os poderes para,na hora própria,os restituir a uma verdadeira representação nacional,ciosa de todas as verdades -- representação que não será de quadrilhas políticas --dos interesses reais,vivos e permanentes de Portugal.Entre todos os corpos da Nação em ruína,é o Exército o único com autoridade moral e força material para consubstanciar em si a unidade de uma Pátria que não quer morrer.
À frente do Exército Português,pois,unido na mesma aspiração patriótica,proclamo o interesse nacional contra a acção nefasta dos políticos e dos partidos e ofereço à Pátria enferma um Governo forte,capaz de opôr aos inimigos internos o mesmo heróico combate que o Exército deve aos inimigos externos.
Viva a Pátria!
Viva a República!
Gomes Da Costa, General,Comandante em Chefe do Exército nacional."
Esse texto foi retirado do Livro " História Do 28 de Maio" de Eduardo Freitas Da Costa.
O texto a seguir é uma análise posterior(publicada no livro Crónicas e Cartas de Manuel de Portugal em 1976) à crónica originalmente publicada em 1 de Novembro de 1975 com o título "Carta Aberta ao Pacóvio Pagante" : "A indisciplina das Forças Armadas,em Novembro,atingia o auge da rebaldaria bandalhesca. Caído o Gonçalvismo procuravam os adeptos do "camarada" Vasco minar o que ainda restava daquilo que fora,em tempos,o Exército Português. Soldados de alpargatas,de lenço ao pescoço,cabelos desgrenhados,a vergonha de uma tropa fandanga que se pavoneava nas ruas alardeando um revolucionarismo de porcaria,um socialismo de pouca vergonha. Na zona do Intendente militares e prostitutas formavam,nas características do abandalhamento,um quadro digno de Zola. Havia unidades onde as ordens se discutiam em plenários sem fim. O povo pagava esta opereta de cordel,este espectáculo de bonifrates fardados. Surgiu,deste modo,a "Carta ao Pacóvio Pagante",ao Zé Povo que alomba,que geme,que paga e que sofre. Não sabe o povo que o Grémio Literário que servia Lagosta Thermidor ao sr Tenreiro,cozinhava agora Linguado au Meunier para o sr Rosa Coutinho. Mas o povo pressentia,aqui e além,que houvera uma revolução que em nada o beneficiaria em termos de valores reais para lhe satisfazer as necessidades básicas. Os hospitais eram os mesmos,mas com menos médicos, Os géneros encareciam ou rareavam. As escolas ou não abriam,ou ensinavam pouco. Dizia-me um economista sueco que "nunca tinha visto um Povo caminhar tão alegremente para uma bancarrota suicida". O que era verdade. Não sei se haverá alguém capaz de calcular os milhões de horas de trabalho que se perderam,inutilmente,em plenários sem fim.Falava-se muito na independência nacional. Esquecendo que a primeira independência nacional é a independência económica.E esta só se obtém com o trabalho da grei. Não é assim sr Professor Sousa Franco?Os mais capazes,os mais sérios,os mais trabalhadores assistiam revoltados ao batuque grotesco de uma minoria barulhenta que falava,falava,falava. Gastámos em perdigotos,em cuspo e em chorrilhos de asneiras,milhões e milhões de contos. Rico e perdulário País. Pediu-me o Salazar sacrifícios e para "produzir e poupar". Para o futuro. Pediu-me o "camarada" Vasco mais sacrifícios e que entrasse na "Batalha da Produção". Para garante do porvir da "feliz sociedade socialista". Canta-me o Pinheiro de Azevedo a música das "medidas de austeridade" e do "trabalhar mais e comer menos".Para sobrevivermos.
Que geração,que século,que País. Ao que chegámos...
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